Você seria capaz de dar graças a Deus, mesmo durante um tempo prolongado de provações? Se ao orar insistentemente ao Senhor sobre determinada situação, nada acontecesse, mesmo assim manteria uma atitude positiva para com Deus? Conseguiria manter um coração grato, sem murmurações e queixumes, apenas por se lembrar que Deus continua sendo Deus e que a Sua fidelidade não falha, mesmo que aparentemente nada apontasse para isso? O que você faria se por conta da sabedoria e soberania de Deus, perdesse uma vida de conforto e fartura, e passasse a viver um longo período de privações? O que faria se fosse traído por um parente próximo, ou mesmo um amigo íntimo, tendo que por isso passar por situações humilhantes? Ou se fosse perseguido simplesmente pelo fato de temer a Deus?
Exatamente agora, enquanto você lê esta pequena reflexão, muitas pessoas acham-se envolvidas em circunstâncias como essas. Talvez você mesmo seja uma delas! Sei que situações assim muitas vezes nos faz sentir secos, por vezes removendo nossa alegria, isso porque estamos acostumados a medir a fidelidade e bênção de Deus tendo como ponto de referência a “fartura” e a “tranquilidade”. Infelizmente muitas vezes nos relacionamos com Deus na base do que Ele “pode nos dar”, e não na base “do que Ele é”. Quando agimos assim tornamo-nos pessoas amargas e insensíveis à bondade de Deus que está presente em todos os momentos de nossas vidas, mesmo quando não a percebamos.
Em 1 Reis 17 e 18 a Bíblia descreve a história do profeta Elias, que como sabemos foi grandemente usado em seus dias para trazer avivamento sobre a nação de Israel. Em determinado momento ele profetizou, inspirado por Deus, que não mais choveria sobre a terra, o que perdurou por três anos. No início deste período de grande seca, Deus conduziu Elias para um local onde havia uma torrente de água, e milagrosamente todos os dias, pela manhã e à tarde, enviava pássaros que lhe traziam pão e carne, a fim de alimentá-lo. Isto significa que enquanto toda a nação de Israel padecia necessidades por causa da grande estiagem, o profeta gozava de boa alimentação, “sombra e água fresca”. Aquilo representava a provisão natural da parte de Deus. Porém, um dia, aquela torrente de água secou-se, e o profeta achou-se em apuros. Se a história encerrasse aí, alguns poderiam concluir que este foi um tratamento incoerente da parte de Deus – “Onde estava o Deus que havia chamado o profeta Elias para ser uma voz profética para aquela nação? Como Ele pôde permitir o profeta passar por necessidades tão básicas, como fome e sede?.
É com esta mentalidade que muitos relacionam-se com Deus, estabelecendo a ausência de tribulações como sendo a “marca registrada da bênção”. Porém não é isso o que a Bíblia declara, aliás uma das promessas de Jesus foi: “No mundo tereis aflições…”. Isso pode não agradar, mas é a pura verdade.
Sem que Elias percebesse, Deus o estava conduzindo para um lugar de dependência, onde sua fé seria provada a cada dia, assim como o faz tantas vezes conosco. Saindo dali, conduziu-o para a casa de uma viúva, que não tinha nada para comer, senão um bocado de farinha e uma pequena botija de azeite. Por causa da obediência da viúva e do profeta, aquela pequena porção seria multiplicada para suprir “apenas o necessário” para cada dia, o que aconteceu por muito tempo.
Penso que talvez este seja o nosso maior problema. Oramos e desejamos sempre os “grandes milagres” da parte de Deus, queremos ver o fogo caindo do céu, e coisas espantosas acontecerem, porém temos a tendência de nos acostumar e desvalorizar os “pequenos e discretos milagres” que acontecem todos os dias em nossas vidas, mesmo sem percebermos. O povo hebreu, por exemplo, não precisou trocar suas sandalhas nem suas roupas durante a peregrinação no deserto, pois a Bíblia diz que eram preservados por Deus (Dt. 8:4). Da mesma forma, diariamente Deus enviava o maná e as codornizes para os alimentar, porém mesmo convivendo todos os dias com estes milagres, quantas vezes os encontramos murmurando contra Moisés e o próprio Deus. Isso acontecia porque a perspectiva daquele povo em relação ao Seu Deus e a eles mesmos não era a correta. Para eles, caminhar com Deus deveria significar ausência total de tribulações e dificuldades.
Amado(a), você está passando por dias difíceis? Não se desanime. Aprenda a focalizar e valorizar as coisas que Deus está fazendo por você todos os dias. Tenha a perspectiva do salmista, que declarou no Salmo 23:6 – “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do senhor para todo sempre”. Lembre-se que há sempre um pequeno milagre acontecendo a cada dia em sua vida, impedindo que o pior aconteça, mesmo sem você perceber. Você precisa reconhecê-lo!
Assim como Deus fez com Elias num tempo de muita seca, conduzindo-o a um lugar de provisão quando a sua fonte de água havia se secado, há uma botija de azeite e um bocado de farinha reservados por Deus para você. Pode parecer pouco, mas o nosso pouco nas mãos de Deus torna-se muito. Aprenda a reconhecer a Sua mão até mesmo nas pequenas coisas, pois são elas que te sustentarão enquanto as grandes coisas não estiverem acontecendo. Lembre-se de que mesmo sem você perceber, Deus está ali presente. Declare pela fé, como o apóstolo Paulo: Quando sou fraco, então é que sou forte (II Co. 12:10).
Social Buttons